O Dia das Crianças é uma das datas mais alegres do calendário. As cores invadem as ruas, os sorrisos se multiplicam e os adultos, mesmo que por instantes, voltam a lembrar de quando a vida era leve, simples e cheia de descobertas. Mas para além dos presentes, das lembranças e das comemorações, o dia 12 de outubro também é um lembrete delicado: dentro de cada um de nós ainda vive uma criança. Uma criança que sente, que sonha, que precisa ser ouvida e acolhida.
Cuidar da nossa criança interior é um ato de
amor próprio. Ela representa aquela parte genuína e espontânea que um dia
fomos, antes que as exigências da vida adulta cobrassem seriedade e
autocontrole o tempo todo. Essa criança guarda nossas primeiras alegrias,
nossos medos, as descobertas mais puras e também as feridas que ficaram pelo
caminho. Quando deixamos de cuidar dela, é como se abandonássemos uma parte
essencial de quem somos.
A boa notícia é que nunca é tarde para acolher
essa parte esquecida. Basta fechar os olhos e lembrar-se de si mesmo pequeno.
Talvez venha a imagem de um sorriso, de um quintal, de um brinquedo simples ou
de alguém que nos fazia sentir amados. O primeiro passo é esse: reconectar-se
com aquela versão de nós que acreditava no impossível e via beleza nas pequenas
coisas.
A psicologia explica que manter contato com a
criança interior é uma forma poderosa de cura emocional. Ela nos ajuda a
ressignificar experiências, liberar mágoas antigas e desenvolver mais compaixão
por nós mesmos. Quando abraçamos nossa criança interna, aprendemos a lidar
melhor com frustrações, a expressar emoções de forma mais saudável e até a
recuperar a alegria de viver.
Há muitas maneiras de cuidar dela. Uma das
mais simples é conversar mentalmente com essa criança. Feche os olhos e diga
algo como: “Eu te vejo, eu te amo e estou aqui por você”. Essas palavras, ditas
com sinceridade, têm o poder de transformar o modo como nos sentimos por
dentro. Elas criam um espaço de segurança, um lar emocional onde podemos
repousar.
Outra prática poderosa é resgatar prazeres
simples da infância. Pode ser desenhar sem se preocupar com o resultado,
brincar com o cachorro, dançar pela casa, comer um doce que lembra a infância
ou simplesmente assistir a um filme antigo que te fazia sorrir. Esses gestos,
aparentemente pequenos, têm o poder de nutrir o coração e reacender a alegria
genuína que muitas vezes se perde na correria do cotidiano.
Também é importante olhar com carinho para as
dores que essa criança carrega. Talvez ela tenha se sentido sozinha, rejeitada
ou pressionada a ser perfeita. Acolher suas lágrimas interiores é permitir que
o adulto de hoje seja mais compassivo e inteiro. Em vez de silenciar suas
emoções, ofereça a si mesmo o que teria desejado ouvir quando era pequeno: “Está
tudo bem”, “Você é suficiente”, “Você é amado exatamente como é”.
Cuidar da criança interior é, em essência, um
ato de reconciliação com a própria história. É entender que não há problema em
ser adulto e ainda assim permitir-se brincar, rir alto, sonhar sem limites. É
perceber que a maturidade não precisa apagar a leveza. Ao contrário, quanto
mais nos conectamos com essa parte inocente e amorosa, mais humanos e completos
nos tornamos.
Neste 12 de outubro, que tal fazer algo
diferente? Em vez de apenas comprar presentes para os pequenos, ofereça um
presente a si mesmo: tempo, carinho, gentileza. Olhe com ternura para a criança
que um dia você foi. Diga a ela que, apesar de tudo, vocês chegaram até aqui
juntos. Que ela pode descansar, pois o adulto que você se tornou aprendeu a
cuidar, proteger e amar.
E se a emoção vier, deixe-a vir. Talvez essa
seja a forma da sua criança interior dizer “obrigado”. Porque no fundo, tudo o
que ela sempre quis foi ser lembrada, acolhida e amada de novo.
Cuidar da nossa criança interior é celebrar a
vida em sua forma mais pura. É reacender a esperança, a curiosidade e a alegria
de estar vivo. Que neste dia 12 de outubro possamos não apenas homenagear as
crianças do mundo, mas também essa criança que vive dentro de nós e que continua
sendo o nosso maior tesouro.
Abrace sua criança interior. Ela ainda tem muito a
te ensinar sobre o amor, a alegria e a coragem de ser quem você é.
Comentários
Postar um comentário
O seu comentário é muito importante para mim. Obrigada!